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sábado, 26 de novembro de 2011

Queda nos valores sentimentais


Base de alianças, cumplicidades... Citada em diferentes gerações vezes como necessária vezes como complemento. Encontra-se a amizade em lugares e sentimentos distintos. Mas encontrada com qualidade? Eis uma questão que poucos respondem ou mostram. 
Dois exemplos de amizades diferentes deixam claro que pode tanto acrescentar como destruir, temos: Timão e Pumba, personagens da Disney, que embora sejam muito diferentes eles se aproximam e permitem se completar. Hitler e Stalim onde com objetivos “iguais” , Stalim sentiu a traição da parte de Hitler trazendo sua ruína emocional.

              Infelizmente hoje, a amizade tornou-se uma troca de favores. Grande parte do mundo não faz questão da aproximação com outro. Tornando-se seres, frios, egoístas, ignorantes no sentido da palavra amor/amizade.

              A resposta daquele jovem soldado, a quem Ciro perguntava quanto queria pelo cavalo com o qual acabara de ganhar uma corrida, e se o trocaria por um reino: “Seguramente não, senhor, e no entanto eu o daria de bom grado se com isso obtivesse a amizade de um homem que eu considerasse digno de ser meu amigo”. E estava certo ao dizer se, pois se encontramos facilmente homens aptos a travar conosco relações superficiais, o mesmo não acontece quando procuramos uma intimidade sem reserva. Nesse caso, é preciso que tudo — límpido e ofereça completa segurança.
Montaigne, “Da amizade” (adaptado)
Montaigne a muito chamou a atenção para a palavra se. Não diferente e sim com grande ênfase “se” encontrar uma amizade hoje confiável, bens tornam um detalhe descartável.


 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O que dizer dela em sentido estrutural?


Vi por várias vezes ser criticada, com frases: - Morreu, por falta de atenção; O governo não faz isso, não faz aquilo; Se não fosse desviado tantas verbas poderíamos ter uma certeza maior de vida comparado a hoje.
Baseando-se nas frases a cimas convido a todos analisarem de uma forma mais direcionada referente a estes pontos de vista.
Não me arrisco a discordar totalmente, pois, muitos já sofreram ou presenciaram de alguma forma alguém ter um mau atendimento ou tratamento na saúde em nosso país, o que é uma coisa que fere, pois normalmente ocorre com quem amamos e faríamos de um tudo para vê-lo bem. Seguindo essa linha de raciocínio, convido a todos enxergar tudo por outro lado.
 Em séculos passados a medicina não era desenvolvida como hoje e os recursos eram dificultosos além de escassos, só para os “bem afortunados” havia o direito de recorrer a tal.
A Saúde sempre foi um caso a ser tratado com minucioso cuidado.
 Trazendo para hoje o dinheiro ou conhecimento continua dispondo certos tipos de “privilégios”, como por exemplo, o contato com aparelhos e exames médicos com uma grande rapidez, essa é uma das diferenças que pode salvar uma vida. Sendo esta uma das diferenças, qual seria a outra? Parou para pensar nisso ou acomodou - se reclamando que a classe baixa tem de esperar uma fila consideravelmente grande para um atendimento hospitalar na qual provavelmente ficará meses para acontecer.  E infelizmente dependendo do caso, eles acontecem deixando buracos em seus resultados. - Tudo culpa do governo!
  Presenciei a pouco um atendimento excelente em um hospital público, no qual desde o enfermeiro aos médicos mostraram completo interesse no bem estar do cliente paciente¹, em contrapartida no dia anterior presenciei em outro hospital público a mesma pessoa sofrer a falta de interesse, onde os médicos colocaram a pessoa em um grau pequeno, dando pouca importância aos sintomas apresentados, eles estavam preocupados -se estavam- em um foco que não existia.
- Para ter o contrário tenho de pagar um convênio, mas não tenho dinheiro suficiente! E agora?
Esse é um tipo de assunto que, em um dia, cheguei a uma conclusão óbvia. – Você pode sim ter uma atendimento e chances de vida tão grande quanto alguém que paga uma mensalidade na qual não cabe no bolso de todos. Para isso, infelizmente, não basta o governo investir. Se não houver pessoas dignas de cargos com um grau desenvolvido de empatia e amor pelo próximo, nunca chegaremos a ter chances alguma, seja em um lugar particular, seja em um lugar público. Não a dinheiro que crie esses sentimentos ou habilidades, em sua maioria ele costuma tirar. A estrutura como o salário de um hospital pode ser dos melhores, porém se não houver profissionais que amam o que fazem vendo que estão ali para servir; Do que adiantaria o investimento? Na realidade um completa o outro.
Um atendimento médico de excelente qualidade pode compensar qualquer tipo de esforço material que uma pessoa de condição humilde não teria. Note que cito “atendimento médico”  e não “atendimento hospitalar” como comentado no parágrafo anterior. Digamos que o atendimento hospitalar pode ter vantagens, ou seja, um hospital ou clinica todo estruturado com quartos aconchegantes e tudo o que o dinheiro pode oferecer de conforto, contrapondo, com um hospital que possui pouca infraestrutura, o que iria diferenciá-los ou tonar um melhor que o outro? Certamente o atendimento médico de qualidade mostraria que não há distinção de classes para a recuperação quando possível. Para ter um excelente atendimento médico basta o conhecimento da real importância e responsabilidade de estar em uma posição seja ela médica, enfermeira, técnico, auxiliar... Pessoas que “coloquem a mão na consciência”. Uma consciência que não olhe o ser humano como $ ou um peso morto. Mas, como são: seres necessitados e frágeis, onde colaboração e amor sendo uma tentativa interessada de melhoras para momentos enfermos são o que os matem a esperança de sair daquela triste situação de desespero.
“Os médicos vendem esperança, a esperança da recuperação da saúde (parcial ou total).” Carlos Alberto de Faria
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¹.Há uma discussão em torno da palavra: paciente. Deve-se chamar de cliente ou paciente? De acordo com Leon Lotti: - O vocábulo paciente está impregnado com a idéia de agente passivo que busca um auxílio de um profissional, tido já até como um celibato como é o caso da medicina.
Hoje não basta a excelência técnica, é preciso que o profissional da saúde tenha novas competências para alcançar um diferencial e superar a grande concorrência.
Fred Cohrs, um gestor da saúde, lembra que a visão atual é trazer os profissionais da saúde à responsabilidade das suas profissões e tratar o paciente com mais participação na consulta, ouvi-lo com atenção, examiná-lo com atenção e cuidado, negociar preços de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, oferecer boas condições para que ele possa ser atendido pelo profissional. Então, começa a necessidade de uma nova denominação, a de cliente.
O cliente questiona, troca de fornecedor, não é fiel ao fornecedor e à marca, reclama mesmo que o serviço ou produto estejam adequados, mas não satisfizeram a expectativa do mesmo.
O contrário acontece com os clientes que tiveram suas expectativas alcançadas, seja na adesão ao tratamento proposto, seja na recomendação do serviço à sua rede de relacionamento, viabilizando o crescimento do profissional no mercado onde atua.
Esta é uma justificativa plausível para a mudança de uso da palavra paciente para cliente.  


domingo, 26 de junho de 2011


 Titulo: A sombra do vento - Romance
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Tradução: Márcia Ribas
Não era minha intenção inicial relatar comentários referentes a livros e não pretendo tornar isso o forte do blog, porém lendo alguns livros e achando os mesmos super interessantes optei em dividir as minhas observações com vocês. 
 
Antes de ler esse post responda para si mesmo. Até onde você considera uma mentira justificável ou correta?


 Certo critico diz: “é um livro dentro de outro livro”. Confirmo isso. A narrativa se passa em Barcelona contando sobre a vida de Julian Carax, um escritor que exprime sua visão da seguinte opinião: “Existimos enquanto alguém nos recorda.” Depois de ter sido confinado a ficar longe da pessoa que amava indo embora para Paris começa a usar seu dom com objetivo de escrever sobre suas experiências por meio de estórias fictícias. Experiências que ele passou anos acreditando terem sido perfeitamente o que vivenciou. Teve uma infância complicada devido seu pai Antoni Fortuny nunca perdoar os erros da mãe. Na adolescência sua vida teve detalhes que mudou o rumo de varias outras na sua grande maioria prejudicando, entristecendo, enfurecendo em alguns casos outros esperavam que Julian se salva-se de um completo vazio. E é em torno disso que o livro discorre e fica cada vez mais interessante. Ele te seduz ao passo que Daniel, um Rapaz que quando criança é apresentada o cemitério dos livros onde encontra A sombra do vento e desde então tudo muda. Começa a procurar/especular a vida desse autor que sumiu misteriosamente e dele ninguém tem noticias, ele começa a perceber que sua vida tem semelhanças com a do escritor. Um autor com uma vida cheia de acontecimentos sem reais explicações; onde muitas das pessoas que se consideravam próximas percebem que não sabem quem foi Julian Carax. Embora tenha publicado uma coleção considerável sem sucesso, colecionadores anos mais tarde passam a desejar adquirir uma delas, pelo fato de que um personagem muito amedrontador decide destruir tudo o que foi de Julian, ou seja, queimando basicamente todos os exemplares de suas obras incluindo um depósito de uma livraria que continha a maioria deles. Daniel com a ajuda de Fermin a quem tira da sarjeta e que se torna seu grande amigo. decide desvendar esse mistério.

Opinião: Trágica! Triste!

O amor mostra-se trágico. Infelizmente são essas palavras as principais que uso para descrever a sombra do vento. Quando terminei de lê-lo senti uma grande empolgação pelos motivos que citei acima, porém, senti uma enorme tristeza.
 Embora Julian recuperado é condenado a viver na mentira, devido seu passado ter causado a infelicidade e desgraça em suas diversas formas as pessoas que ele tanto amava e teria dado sua vida para mudar o rumo dessas se soubesse o que estava acontecendo. Neste momento que você se pergunta: Por que não contaram o que acontecia? Como Nuria, secretária da editora que publicou os livros de Julian e que até sua morte o amou, diz: “Há prisões piores que as palavras.” - Para protegê-lo!
A linha que foi acarretando essa estória acabou com essas conseqüências terríveis por que sua vida foi baseada em mentiras,nasceu dentro de mentiras, passou sua vida escrevendo boa parte mentiras e quando voltou e começou a dar um fim em tudo que perseguia e o perturbava e finalmente nós leitores poderíamos dizer: Acabou! Permaneceu com mentiras. O que aconteceu no passado não tinha como mudar. Mas, tiveram a chance de abrir o jogo e para não continuar omitindo a verdade. E se vocês pensam que eu vou escrever isso aqui para criticá-los,muito pelo contrário, não sei se teria feito de outro modo, pois o psicológico de Julian pedia para silenciar a verdade.
 Quando tentamos ser 100% sinceros e chegamos a dizer que não aceitamos a mentira temos que pensar que para não acontece-la sua base deve ser dentro da verdade. Quem vive assim? Ainda não conheci um. Quando você reflete alguns instantes, para pensar naquele fim não se vê muito diferente provavelmente as atitudes seriam parecidas. A mentira ainda faz parte da nossa convivência; uma passagem, um sorriso ou até para ficar em paz para ver alguém em paz. Não deve ser novidade o que me intrigou no livro, muitos já devem ter escutado:  “Uma mentirinha todo mundo conta, sempre é preciso”, “faz parte.”
  Ela fez parte nessa estória; e se mostrou ser muito necessária. Agora se foi o correto é outra coisa.
 
 Muitas vezes usamos desculpas para usar a mentira como algo que faria bem ao próximo, mas com certeza em sua maioria os beneficiados acabam sendo nós mesmos. A mentira acaba tornando-se assim muitas vezes essencial e acabamos por usá-la por medo, insegurança, vantagens... A eterna história da “mentira para o bem”. 


No caso do livro, Daniel e outros se colocaram no lugar de Julian e chegaram à conclusão que ele não poderia saber da verdade. Varias outras vidas havia se perdido e ao menos ele poderia fazer algo dali para frente para compensá-las, era uma pessoa brilhante!
Usar a mentira é questão de senso e consciência. Com certeza você vai usá-la, todavia faça um julgamento tentando ser justo com princípios seus e de outros.

 “É uma verdade básica da condição humana que todo mundo mente. A única variável é sobre o quê.” Dr. House


 
Personagens favoritos: Fermin Torres, Julian Carax.
Personagem que considero muito real é Antoni Fortuny. É um senhor que vive em meio a amarguras, não se permite perdoar e nem esquecer erros. O único momento que demonstrou alegria foi quando se viu diante de uma grande oportunidade para ganhar dinheiro. Envelheceu sentindo-se frustrado por ter sido um homem rígido e amargurado. Em sua idade de ouro percebeu que sua vida foi insignificante e que sem ele as pessoas poderiam seguir só relembrando o passado e esperando a morte. Com a volta de seu filho viu uma oportunidade para se redimir assim podendo morrer em paz.

Literalmente amei e odiei alguns personagens. Considero Carlos Ruiz Zafón ousado por trazer um fim daquele; Por varias vezes deduzi ter descoberto o fim, mas nenhum deles eu acertei. Alcançou tranquilamente qualquer expectativa que eu tenha criado.

Que todos tenham uma excelente semana.